DANCEMOS…. QUEM SOBREVIVERÁ?
Dançar é uma arte, e sabe-se que todo artista é fiel à própria sensibilidade e, portanto, à leitura do real, cuja expressão é a da sua percepção, fazendo com que o seu compromisso primeiro seja com a arte. O artista não precisa justificar, esclarecer. Ele sente. Seu compromisso maior é, portanto, com a própria emoção.
Dançar é se expor, é se permitir, e tal como a arte, ela também se torna pública uma vez expressa.
Certos cantores quando compõem uma música, revelam problemas relacionados à complexidade do ser humano, de suas paixões, de suas emoções, dificuldades de conviver com o próprio dia a dia, com a própria história, problemas de ordem social, de ordem política, de ordem religiosa, etc... Se na música existe uma dimensão, uma riqueza de sensibilidade, que dirá quando você além de ouvir e sentir, expressa-secorporalmente. E é interessante que a cada ritmo você faz uma opção interna e todas as vezes na vida que fazemos novas opções, novas escolhas, necessariamente estamos nos referindo à atitude lúcida e racional que decide a direção que se quer dar à própria vida.
A dança nos permite mudar o ângulo de visão, olhar de fora para dentro, perceber os pequenos detalhes para que se compreenda a riqueza interna do ser humano, que tantas e tantas vezes permanece escondida e, por isso, acaba esquecida.
Na verdade, sempre digo que não ensinei ninguém a dançar, mas sim tentei ser uma ponte de comunicação com minha experiência de saber dançar; passei essa experiência de uma maneira viva e sempre encontrei receptividade nas pessoas. Por que essa receptividade? Porque somos na verdade uma mesma coisa, da mesma matéria, seres sensíveis, comunicantes, que utilizamos a palavra amor , quase sem conhecê-la profundamente.
É fundamental a necessidade de comunicar-nos com a música, para depois desenvolver com os outros a etapa da comunicação. Só quando a música penetra por todo o corpo e necessita sair dele é que ela é válida para dançar. Buscamos um caminho para nos comunicar com essa matéria-prima que está dentro de nós: a nossa arte. Com ela, portanto, a possibilidade de criar... criar relações e comunicação sem palavras, somente pelo movimento do corpo.
Considerando as Danças de Salão, que se dançam aos pares, que aproximam as pessoas, não através de palestras ou espetáculos, mas pelas experiências que o corpo registra, como essas sensações de cada um chegam para o outro?